Forlán e Leandro Damião para o Colorado e Fernando ao Tricolor marcaram no clássico 395, em Erechim, pelo Campeonato Gaúcho

Tinha tudo para ser um jogo morno. Começo de temporada, Inter na segunda apresentação com titulares, Grêmio sem técnico e time principais e um estádio que ficou longe de lotar. Porém, com o perdão do chavão, Gre-Nal é Gre-Nal. É uma partida diferente. É uma partida imprevisível. Que confirma craques. Revela surpresas. Sorte do Colorado que teve em Forlán um atacante com estas duas últimas adjetivações em um duelo aberto, recheado de oportunidades, enfim, de bom futebol. O gol dele ajudou a derrotar o Tricolor por 2 a 1, neste domingo, em Erechim, pela quinta rodada do primeiro turno do Gauchão.
Forlán nem deveria estar em campo. Aliás, só atuou após um operação de guerra da direção do Inter. Convocado para defender o Uruguai em amistoso diante da Espanha, quarta, em Doha, no Qatar, ganhou um dia a mais para se apresentar. Excelente investimento. Custou caro ao Grêmio. Por priorizar a Libertadores, Roger Machado comandou um time de reservas à exceção de Fernando. Faltou qualidade para equilibrar a disputa embora o empenho.
O Inter, com o resultado, avançou ao segundo lugar do Grupo B, com oito pontos. Já o Grêmio se manteve em quinto, no Grupo A, com três, e fora da zona de classificação à próxima fase. Agora, as duas equipes voltam a campo na quarta-feira. O Grêmio recebe o São José, no Olímpico, às 19h30m, enquanto o Inter desafia o Lejeadense, 22h, no Aviazul.
Forlán abre o placar no Gre-Nal e comemora com Willians (Foto: Diego Guichard)
Argentino arma, uruguaio define
Antes do apito inicial, uma singela homenagem às vítimas de Santa Maria. Os jogadores formaram um círculo no meio-campo e baixaram a cabeça. Repartidos no estádio, por um lado azul e outro vermelho, os torcedores calaram-se mostrando respeito pelos mais de 230 que se foram no incêndio na boate Kiss no último final de semana.
Por atuar com força máxima, o Inter era mais abusado e interessado. Comandados por D’Alessandro, o time colorado ziguezagueava no campo de ataque para tentar confundir a defesa armada por Roger – escalou três volantes, Fernando, Léo Gago e Misael.
O ímpeto inicial colorado poderia ter resultado em gol aos 10 minutos, mas foi um daqueles lances dignos de “Inacreditável Futebol Clube”. Fabrício fez o que podia na ponta esquerda: armou, driblou e cruzou. Pobre Tony. Na pequena área, Leandro Damião despontou sem marcação, na pequena área, e... testou para fora.
Homenagem foi feita às vítimas de Santa Maria
(Foto: Diego Guichard)
Então, o Grêmio sentiu que poderia crescer. Equilibrou o duelo. O caminho encontrado foi em tiros de longa distância. Primeiro, com Fernando. Muriel ergueu os braços e espalmou. Depois, Léo Gago, em um disparo curvilíneo, repleto de veneno. Dessa vez, o goleiro colorado teve de se espichar todo para evitar o gol. É verdade que estava adiantado.
A confiança tricolor estava inflada, enquanto a vermelha, abalada. Após cobrança de escanteio do Grêmio bate e rebate na área, chute de Willians José, que a defesa conseguiu afastar.
Veio então a parada técnica para os jogadores se hidratarem. Dunga pouco falava, deixava para Willians e D’Alessandro reclamarem para o grupo e tentarem corrigir o que não funcionava. Do outro lado, no grupo formado de azul, era Fernando quem mais falava e gesticulava.
Como uma gangorra, foi a vez dos comandados de Dunga crescerem. A chance veio nos pés de Dátolo, que entrou na área, perdeu ângulo, mas disparou da forma que deu. A bola foi forte e rebateu na trave de Busatto.
Forlán não vinha bem na partida. Errava passes, era desarmado até com facilidade. Até que no final da primeira etapa, o uruguaio foi lançado por D’Alessandro, pelo lado direito da grande área. Teve tempo para ajeitar, lance que deixou Alex Telles no chão, e bater cruzado. Ainda contou com a ajuda de Busatto, ao não chegar na bola: 1 a 0, aos 40 minutos. Forlán correu, pulou sozinho e se reencontrou com D’Ale, como se reverenciasse o armador da jogada.