Presidente chegou a cogitar que o Grêmio não participe do Gauchão nos próximos anos caso não haja "mudanças drásticas" na arbitragem
Tristeza, frustração e desabafo. Sentimentos que estavam expostos no olhar e na expressão de cada dirigente gremista presente na coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira, no Estádio Olímpico. Os jornalistas foram convocados para ouvir o que o presidente Paulo Odone tinha a dizer depois da séria lesão de Kleber, na partida deste domingo contra o Cruzeiro, em Novo Hamburgo. Sabendo que perdeu um dos melhores jogadores da equipe - se não o melhor -, chegou a se emocionar ao falar do artilheiro, afastado dos gramados por até cinco meses por uma fratura no tornozelo direito (assista ao lance no vídeo abaixo).
Odone não poupou as críticas ao atual modelo de arbitragem e escalas da Federação Gaúcha de Futebol (FGF) e chegou a cogitar que o Grêmio não participe das próximas edições do campeonato caso não haja sérias intervenções na fórmula do Gauchão. Diante da tristeza que quase o fez chorar, o presidente ainda reclamou da violência nos gramados que, por vezes, é confundia com "pegada forte".
- O maior castigo na vida de um jogador é ficar de fora. O Kleber vai precisar de muita força agora. Nós vamos ganhar este Gauchão como resposta a tudo isso. Queremos mostrar que a violência não tem espaço no futebol moderno. Os atletas passam a confundir a pegada forte com violência. Se não houver nenhuma ação enérgica da Federação, o Grêmio vai repensar sua participação no campeonato daqui para frente. Não é justo com quem investe, não é justo com os atletas. O Novelletto precisa fazer uma alteração drástica na fórmula da arbitragem, nas escalas, se não ele não terá mais o Grêmio na competição.
Mais tarde, o presidente contornou a declaração e disse que o Grêmio estuda apenas o uso dos reservas em 2013. Odone ainda falou sobre outras lesões, como a de Mário Fernandes e Julio Cesar, esta de menor gravidade.
- Se a situação continuar assim, o campeonato não vai ter o Grêmio com a sua força máxima nos próximos anos. Vamos entrar com reservas para não prejudicar o clube nas outras competições. Sabemos que não foi um evento acidental. O futebol passou a ser sinônimo de violência. Perdemos o Mário Fernandes por uma arbitragem complacente no Olímpico. Julio Cesar também foi vítima, sem nenhuma intervenção do árbitro. Deixamos de vender o Mário e trouxemos o Kleber para consquistar títulos e perdemos eles pela violência. É a crônica de uma lesão anunciada - declarou.
Ainda emocionado, Odone chegou a comparar o jogo com uma luta de UFC. Ele também descartou uma intervencao judicial contra o jogador do Cruzeiro e não falou em reforços para o resto da temporada.
- Não estamos disputando UFC. A arbitragem como um todo precisa de uma reformulação daqui para frente. O Grêmio vai conversar com o treinador para ver como vamos seguir até o fim da Copa do Brasil e do Gauchão. Vamos procurar soluções aqui dentro e avaliar reforços. E o Léo Carioca também é vítima dessa arbitragem complacente. Não vamos tomar nenhuma medida contra ele - afirmou Odone.
Kleber tem cirurgia marcada nesta segunda-feira, às 17h30, no Hospital Mãe de Deus. O atacante desembarcou em Porto Alegre no dia 23 de novembro e desde o início foi recebido de bracos abertos pelo torcedor. Por sua vez, o atleta tratou logo de curar a carência da torcida gremista e virou artilheiro da equipe.
Presente em todas as 16 partidas do Grêmio até agora, o Gladiador marcou nove gols e criou status de ídolo no Estádio Olímpico. A preocupacão com o tempermento explosivo de Kleber acabou não se confirmando. O jogador não foi expulso nenhuma vez até agora e expõe a mudança de conduta nos últimos tempos para todos, dentro e fora de campo.
